15 de junho de 2020

Autofagia


"Autofagia, 2020."

Abocanho minhas emoções
E sinto meus (des)gostos.
Provo estes pathos servidos
De sofrimento e doenças.

Sympatheia
Olho estes logos
Com em-patia:

Como ser (in) sensível,
E não sentir no imo
Os dissabores da a-patia.

(10 de Junho de 2020)

6 de março de 2019

Tempo de Quaresma

"Nem ciência, nem religião
Sem explicação
Puro estado de contemplação"
Vander Lee

Voltar a escrever no período da quaresma é simbólico. Apesar de ser um tempo comum para a maioria, e tempo de resguardo para alguns católicos fervorosos, defino como tempo de maturação para o meu coração.
A quarta-feira de cinzas é o marco do início deste tempo que considero afetivo: recebi de minha mãe uma formação cristã, e na minha infância e adolescência sempre a acompanhava na igreja para receber em nossas frontes o sinal da cruz feito com as cinzas pelo sacerdote - feitas com as folhas queimadas do domingo de ramos (aquele domingo ironicamente festivo que antecede a traição de Cristo e culmina na semana Santa).
Quando criança, sentia esses dias muito definidos com calor de manhã e no entardecer uma sutil queda de temperatura típica de anúncio outonal. Gosto de pensar na quaresma como um período de profunda meditação - afinal foi o que Jesus fez durante esses quarenta dias... Aprendi a apreciar estes dias de forma "heterodoxa": quando deixei de frequentar a igreja, comecei a vivenciar a espiritualidade através das relações humanas e do conhecimento de outras fés e filosofias - conhecimentos valorosos a serem compartilhados.

Este espaço que ficou por anos em hiatos, ao qual dediquei o nome de "pesquisando/procurando por mim mesma", está enfim sendo (re)ativado no momento mais indicado - (re)início de introspecção contemplativa. Tempo de sensibilizar, conscientizar e cultivar a empatia.
"Contemplação Quaresmática", 2019.



25 de fevereiro de 2013

De onde vem a inspiração~


... símbolos e cores para transmutação; uma conversa de boteco entre amigas aconselhando a "deixar pr'a lá" o stress; e a lembrança da música preferida da mamãe.

1 de fevereiro de 2012

Foi uma vez...

"gata borralheira" por Christiane Duarte

Foi uma vez...

Um conto contemporâneo
Onde os amigos estão no lugar das fadas,
A Rapunzel dentro de um apartamento
Apertada e enclausurada.
A bela adormecida finge dormir
Para não ser incomodada,
A cinderela tristemente
Faz todas as vontades da cunhada,
Enquanto a bruxa da branca de neve
Para o espelho pergunta:
Quem pode ser mais dona do espaço do que eu?
Em busca da independência
Estão por aí João e Maria.
A princesa dorme num colchão
No chão,
Do tamanho de uma ervilha.
Mas todo conto,
Ontem ou hoje
Sempre tem uma moral,
Quem um dia causa o mal
De remorsos se amargura no final.

Christiane Duarte – 18.03.2011



Tenho pensado muito sobre a repentina mudança de vida... Sinto saudades dos meus amigos, sonho constantemente que estou na casa onde sempre vivi em São Paulo e estou agora resgatando aos poucos minhas “criações” durante o período que antecedeu minha vinda para o rio Grande do Sul.

6 de janeiro de 2012

Desperta

"desperta o infinito" por Christiane Duarte

Adeus ano velho, feliz ano novo e feliz aniversário para esse blog que completou na última quarta-feira 4 anos. Sobrevivendo a longos tempos de hiato, quem esta vivo sempre aparece (eu ou o blog?)!
Apesar da minha ocupação com a 8ª Bienal do Mercosul, passei por um período de introspecção. Somente agora pareço despertar daquela letargia.

“eu tive um pesadelo
tive medo de não acordar
tudo andava tão caído...
eu andava por aí
sem rumo:
sem rima nem refrão
em resumo:
não tive culpa nem perdão
eu tive um pesadelo
tive medo quando acordei”
Humberto Gessinger

Pode parecer triste, mas para quem estava desgostosa da vida, sinto-me feliz por dizer que meu ano começou com gosto de soro caseiro: salgado com as lágrimas de saudade, mas açucarado pelas oportunidades que todo ano novo nos promete...

12 de julho de 2011

2nd round – PRESS START TO CONTINUE

“Hoje eu sei só a mudança é permanente. De repente tudo está no seu lugar...” - Humberto Gessinger


Na semana santa desse ano, tomei a uma boa dose de coragem e incentivos e tatuei nas minhas costas este símbolo que (re)inventei a partir de algumas referências, sendo uma delas muito evidente para os fãs de uma banda do rock nacional dos anos 80.

foto por Carolina França

Não irei me prolongar com interpretações sobre engrenagens, bandeiras, círculos, céus e estrelas, mas usarei o espaço deste post para falar sobre mudanças – as quais com sutileza estão mencionadas no sentindo dessa tatuagem.

Ainda não sei responder se por força do destino ou por força de vontade vim morar no Rio Grande do Sul no mês de junho. Desde então meus amigos perguntam como estou, mas confesso que nem sempre eu sei a melhor resposta. Me pergunto: como estou? A princípio me senti como uma grande árvore flutuante, sem raízes fixas ao chão. Carregando saudades da casa, dos momentos de felicidade compartilhados com o irmão e a redescoberta do amor de um pai. Falo faceira de cada amigo e digo sempre que estou bem para que também sintam orgulho de mim.

Posso contar que conheci um frio inefável e o famoso Minuano – vento que quase como um quadro antigo fez o meu rosto craquelar. Mas enquanto me encorujava com o frio, como súbita anestesia  me extasiei com os ponchos esvoaçantes de alguns senhores transeuntes, e me impressionei ao ver que, apesar das curvas escondidas sob blusas de lã e pesados casacos, as gurias daqui não perdem a elegância.

As vezes acordo no meio da noite chamando a minha mãe. Ainda não me sinto em casa, mas me sinto acolhida e em família – até já preparo chimarrão aprovado por gaúchos. Estou me (re)encontrando em cada dia e cada palavra dita e ouvida. Um pouco hesitante, respondo para mim e todos que perguntaram: Eu estou bem.

Em Pureza fui sonhar
Em Leveza o céu se abriu
Em Melancolia
A minha alma me sorriu
E eu me vi feliz
Vitor Ramil

Claro que tem coisas que nunca mudam, apesar de me encontrar muitas vezes em Porto Alegre, é possível me achar caminhando alegremente, ouvindo Engenheiros do Hawaii no mp3 e sem perder o habito de comer de vez em quando uma goiaba.

Por fim, conto que tem tanto para contar, que continuo registrando tudo o que vejo em palavras-chave para abrir sempre que preciso as gavetas das lembranças em minha mente.

10 de março de 2011

(Re) Conciderando


Sobre a existência

Na transitoriedade da existência
Apenas a matéria é perecível.
Enquanto no espírito,
Transcende e transmuta
(Graças a Deus,
Graças a Arte,
Graças a Iluminação da Inteligência)
A (r)evolução
Dia após dia,
A transformação.
Constante na vida são as mudanças.

 
Christiane Duarte - 24.02.2011


Houve um tempo em que as postagens foram mais freqüentes, e maior era a visualização do público. A princípio o blog começou com firulas e formalidades - minha idéia era ser um portfólio. Depois adotou um caráter mais informal, o intuito era apenas me expressar.
Acho que no fim, ou melhor, na continuidade, é um portfólio onde me expresso, como no título modestamente tão bem escolhido, “in search of my self”. No meu processo me descubro e reencontro a minha essência em cada postagem.
No mês de janeiro este blog completou 3 anos... Parabéns atrasado!

4 de julho de 2010

dentro das superfícies que refletem


A esmo

Transporta-me para um universo paralelo
Meu reflexo nas superfícies
Onde ajo de forma onírica.
Não me reconheço,
Pois faço tudo o que quero.
Nessa (ir)realidade
Não são as pipas que me fazem olhar o céu.


Vejo nos lugares por onde passo todas as histórias.
No canto desafinado do trem
Ouço vozes tristes e alegres,
Saudosas do momento que passou,
Ansiosas para matar a saudade.


No coração do centro da cidade
Vi um homem com uma mala aos pés
Queimando em mãos as páginas de um livro.
Seria aquela cena a destruição de um registro
De algo que para trás ficou,
Quiçá de um futuro premeditado?


Cosmos (ir)real
Dentro das minhas pupilas.
Meu relógio interno,
Como é lento!
Um minuto às vezes passa como uma hora,
E nesses sessenta segundos
Quanta coisa já me ocorreu...


Se quiser adentrar neste meu mundo,
Saiba que não é particular!
Vem, anda comigo a esmo
Perdendo em cada vereda o olhar.
Quem sabe quando passarmos por um longo túnel
Com iluminação tênue e dourada,
Haverá uma breve parada
Onde juntos entraremos noutra dimensão,
Aquela mesma do começo,
Onde meu reflexo não reconheço.


M.Chris.S - 03.07.2010

22 de maio de 2010

Sobre as lembranças:


Imaginação:
Dádiva de visualizar
Oportunidades irreais
Que algum dia venham nos ocorrer.
Ou ainda quem sabe,
Que se passam próximas
Dentro de um universo paralelo.
Mas as lembranças,
Ah, ato tão simples de recordar,
Capaz de nos fazer reviver,
Sorrir ou chorar,
Ou mesmo dos pés à cabeça se arrepiar.
Por mais que às vezes,
A saudade causada pela lembrança
Sufoque e consuma,
O deleite de revivê-la
A tudo compensa.

M.Chris.S

Outonostalgia~

O Dia-Poesia

O Dia-Poesia
Que fez a tristeza tornar-se bela,
A solidão ser solitude
E toda saudade motivação.

Que fez a luz de tom nostálgico
Amarelar tudo ao redor
Como uma antiga fotografia

O vento fresco veio dizer:
Já é o fim do verão.
Brincou com o cabelo das moças
Espalhando pétalas de flores roxas.

Agora é tempo de reflexão, conhaque e poesia
Dias de céu é cinza
E noites finitas com estrelas que não podem ser vistas.

M.Chris.S - 03.03.2010