“Hoje eu sei só a mudança é permanente. De repente tudo está no seu lugar...” - Humberto Gessinger
Na semana santa desse ano, tomei a uma boa dose de coragem e incentivos e tatuei nas minhas costas este símbolo que (re)inventei a partir de algumas referências, sendo uma delas muito evidente para os fãs de uma banda do rock nacional dos anos 80.
foto por Carolina França
Não irei me prolongar com interpretações sobre engrenagens, bandeiras, círculos, céus e estrelas, mas usarei o espaço deste post para falar sobre mudanças – as quais com sutileza estão mencionadas no sentindo dessa tatuagem.
Ainda não sei responder se por força do destino ou por força de vontade vim morar no Rio Grande do Sul no mês de junho. Desde então meus amigos perguntam como estou, mas confesso que nem sempre eu sei a melhor resposta. Me pergunto: como estou? A princípio me senti como uma grande árvore flutuante, sem raízes fixas ao chão. Carregando saudades da casa, dos momentos de felicidade compartilhados com o irmão e a redescoberta do amor de um pai. Falo faceira de cada amigo e digo sempre que estou bem para que também sintam orgulho de mim.
Posso contar que conheci um frio inefável e o famoso Minuano – vento que quase como um quadro antigo fez o meu rosto craquelar. Mas enquanto me encorujava com o frio, como súbita anestesia me extasiei com os ponchos esvoaçantes de alguns senhores transeuntes, e me impressionei ao ver que, apesar das curvas escondidas sob blusas de lã e pesados casacos, as gurias daqui não perdem a elegância.
As vezes acordo no meio da noite chamando a minha mãe. Ainda não me sinto em casa, mas me sinto acolhida e em família – até já preparo chimarrão aprovado por gaúchos. Estou me (re)encontrando em cada dia e cada palavra dita e ouvida. Um pouco hesitante, respondo para mim e todos que perguntaram: Eu estou bem.
Claro que tem coisas que nunca mudam, apesar de me encontrar muitas vezes em Porto Alegre, é possível me achar caminhando alegremente, ouvindo Engenheiros do Hawaii no mp3 e sem perder o habito de comer de vez em quando uma goiaba.
Por fim, conto que tem tanto para contar, que continuo registrando tudo o que vejo em palavras-chave para abrir sempre que preciso as gavetas das lembranças em minha mente.