Conflitos Internos

Vermelho e Cinza

Vejo seu nome escrito numa tatuagem
Em outro corpo,
não o seu e nem o meu.
Está em alguém que nunca fez parte das nossas vidas,
Que não sabe nada sobre nós.

Eu, aqui, só...
Divagando em vão com ardor no peito,
Sem enxurradas caminho sobre um céu tempestuoso.
Uma garoa incessante carregada pela ventania
Ao encontrar meu rosto tornam-se agulhas me perfurando.

Como são jogadas as palavras ao ar?
Como é possível as aparências enganarem tanto?
Alguém que diz facilmente amar da boca pr’a fora,
E outro que se mostra tão resistente sofrer tanto com o isolamento,
Com uma separação que nunca houvera,
Pois entre eles nunca existiu uma autêntica união.

De uma relação idealizada,
Entre tantas dúvidas que pairam no ar
Não sei o que mais magoa:
Saber que pr’a você nada importou
E que não sei se sinto saudades de uma cidade
Que mesmo antes de conhecer pessoalmente já amava,
Mas por saber que você pertence à mesma posso não mais amá-la.

A minha metrópole que aos olhos dos outros se resume a concreto, esconde muitas cores.
A sua, que parece pura cor e poesia, é tão pequena e do horizonte do país tão distante.
Dentro do seu peito se esconde todo o breu que sucede o crepúsculo.
E no meu, só a desilusão.

No dia cinza em que me encontro
Só o vermelho de uma ferida aberta me colore.
O que passamos juntos? Já não sei definir...
Se pr’a você fui uma cortesã de luxo
E você, um corpo vazio fugazmente amparado no acaso de Porto Alegre.
M.Chris.S

Esse desenho surgiu de um dos meus rotineiros conflitos internos em que transpareço serenidade enquanto estou prestes a implodir.
Não me arrependo das coisas que faço, mas esse desenho não devia ter feito numa folha de rascunho. Realmente fiquei satisfeita com o resultado...