Beleza (Charles Baudelaire)Sou bela, oh mortais, sonho feito de pedra.
E o meu seio, que vos vai ferindo um a um,
Inspira nos poetas um amor
Silente e eterno, como uma existência inanimada.
O meu trono é no firmamento azul,
qual esfinge misteriosa,
O meu coração é de neve, branco como os cisnes,
Odeio o movimento que desloca as linhas
Jamais faço ouvir o meu riso ou o meu pranto
Os poetas, diante da minha pose majestosa
Que fui buscar às estátuas altivas,
Consomem os dias em estudos austeros.
Fascino os meus dóceis amantes com os
Espelhos puros que tornam todas as coisas
mais belas:
Os meus olhos, os meus olhos imensos
com a claridade da eternidade.
Para estrear este espaço decidi começar com um dos trabalhos da minha série “antropofágica” (que foi um tanto “autofágica” para minha grande surpresa). Esta série foi inspirada nos trabalhos de Modigliani (1884-1920, meu artista preferido), este em particular, nos seus desenhos e esculturas de cariátides, que ele mesmo nomeava de “Colunas de Ternura”. E o poema, como está no livro Modigliani, de Dóris Krystof, “dir-se-ia que o poema foi escrito para eles (os ídolos de pedra), ou, o que não é de todo impossível, que as esculturas foram feitas para o poema”. Por fim, a cada trabalho que terminava, dizia para mim mesma “Ah! Se Modi fosse meu contemporâneo e estivesse perto de mim, sem dúvidas ganharia um beijo” [suspiros]...
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